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    O Conhecimento sobre plantas medicinais em unidades de conservação de uso sustentável no litoral de SC: da etnobotânica ao empoderamento de comunidades rurais

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2011O estabelecimento de unidades de conservação é uma das principais estratégias adotadas para a conservação in situ da biodiversidade. Diversos estudos vêm demonstrando a importância do envolvimento das populações tradicionais no processo de conservação e também da valorização do conhecimento tradicional para as estratégias de manejo da biodiversidade. No município de Imbituba (SC-Brasil), comunidades de agricultores e pescadores tradicionais estão organizadas e buscam garantir o acesso ao território e a valorização e manutenção de seus modos de vida tradicionais através da criação de unidades de conservação de uso sustentável. Este estudo teve como objetivo principal investigar o conhecimento sobre plantas medicinais em duas unidades de conservação de uso sustentável em processo de criação, contribuindo para o entendimento das relações entre etnobotânica, manejo de biodiversidade, conservação in situ e empoderamento de comunidades rurais. Para a coleta de dados etnobotânicos de plantas medicinais utilizou-se entrevistas estruturadas, listagens-livres, turnês-guiadas, coleta de material botânico e ferramentas participativas. Os informantes-chave foram selecionados com base no método bola-de-neve. Para a coleta de dados sobre empoderamento utilizou-se entrevistas com unidades familiares, lideranças e agentes externos, além de oficinas com a comunidade e lideranças locais. Foram registradas 197 espécies de plantas medicinais, pertencentes a 70 famílias botânicas. As plantas medicinais são utilizadas principalmente para tratar transtornos do sistema digestório e afecções ou dores não definidas. O gênero e a forma de aprendizagem foram fatores que influenciaram significativamente a similaridade do conhecimento de plantas medicinais entre os informantes. Também observou-se a existência de um pluralismo terapêutico entre os informantes chave, utilizando recursos terapêuticos dos sistemas tradicionais e da medicina moderna. Das espécies de plantas medicinais citadas, 86 foram identificadas como nativas pelos informantes da área proposta para a Reserva de Desenvolvimento Sustentável dos Areais da Ribanceira. Agricultores dos Areais da Ribanceira selecionaram dez plantas medicinais nativas como mais importantes: arnica (Calea uniflora Less.), cavalinha (Equisetum giganteum L.), cipó-mil-homens (Aristolochia triangularis Cham.), espinheira-santa (Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel e/ou Maytenus aquifolium Chodat), gervão-roxo (Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl), guaco (Mikania cf. laevigata Sch. Bip. ex Baker), marcela-do-campo (Achyrocline satureioides (Lam.) DC.), menstruz (Coronopus didymus (L.) Sm.), quina-do-mato, e salsa-parrilha (Dioscorea altissima Lam.). A maioria das plantas foi classificada pelos informantes como possuindo alta disponibilidade ambiental e também sob alta intensidade de extração, mas cabe ressaltar que a extração é principalmente para uso familiar. As matas de restinga e de encosta de morros são os ambientes mais utilizados para extração destas plantas. Em relação ao empoderamento, a comunidade dos Areais da Ribanceira apresentou valores superiores em relação ao domínio sócio-cultural do que o político/legal e econômico. A ameaça de perda do território foi a principal motivação que permitiu a organização da comunidade e diversas atividades de manejo comunitário que colaboraram para o empoderamento local. O conhecimento sobre plantas medicinais e a situação de empoderamento local ressaltam a importância de envolver estas comunidades em estratégias de conservação in situ. Além disso, é de extrema importância regulamentar o acesso ao território e ao uso de recursos por estas comunidades através da criação de unidades de conservação de uso sustentável, como forma de garantir a manutenção dos modos de vida tradicionais e do conhecimento associado

    Saúde eco-cultural e resiliência: conhecimentos e práticas da medicina tradicional em comunidades rurais da Chapada do Araripe no Ceará e em comunidades quilombolas do litoral de Santa Catarina

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2015.O conceito de sistemas sócio-ecológicos considera a complexidade dos sistemas humano-natureza e a inter-relação entre as diferentes partes. Os Sistemas Tradicionais de Saúde (STS) podem ser investigados no âmbito dos sistemas sócio-ecológicos. Os STS são mediados por especialistas locais de saúde e os ecossistemas naturais e o uso de plantas medicinais desempenham um papel importante na saúde das pessoas. Algumas das abordagens de pesquisas vinculadas aos sistemas sócio-ecológicos que podem ser utilizados para o estudo dos STS são a abordagem de saúde eco-cultural, de resiliência e de análise de redes. A abordagem da saúde eco-cultural considera a interação dinâmica entre humanos e ecossistemas, enfatizando as implicações da saúde dos ecossistemas para a saúde e bem-estar humano. A abordagem de resiliência considera que a cada grande perturbação ambiental ou social, a relação do humano-ambiente é alterada, e um novo equilíbrio se desenvolve. A análise de redes pode ser uma ferramenta complementar para os estudos de resiliência, já que estas focam na estrutura das interações entre os componentes do sistema sócio-ecológico e na forma em que esta estrutura afeta o funcionamento do sistema. Através do estudo de caso em duas regiões brasileiras (comunidades rurais da Chapada do Araripe no Ceará e comunidades quilombolas do litoral de Santa Catarina), nós buscamos analisar: 1) a influência da saúde do ambiente na saúde humana; 2) o uso combinado da medicina tradicional e biomedicina; 3) a prática das benzeduras e os conhecimentos, aprendizados e relações sociais associadas a mesma; 4) a resiliência e capacidade de adaptação dos sistemas tradicionais de saúde. O primeiro artigo desta tese trata da compreensão sobre o processo de saúde em três comunidades rurais da região do Araripe, a partir da análise das opiniões de 66 especialistas locais de saúde sobre elementos que influenciam a saúde humana, e como o ambiente contribui para isso. Entre as influências do ambiente na saúde humana foram reportadas as condições climáticas, qualidade da água e do ar, recreação, recursos medicinais e alimentícios. Foram identificadas 192 espécies de plantasmedicinais, a maioria extraída de ecossistemas naturais, revelando a importância dos ambientes conservados pela Floresta Nacional do Araripe para a saúde e bem estar das populações humanas. O segundo artigo objetivou investigar a relação entre a saúde humana e saúde do ambiente em comunidades quilombolas do litoral de Santa Catarina. Foram realizadas entrevistas com 184 adultos sobre elementos que influenciam a saúde humana e sobre as plantas medicinais conhecidas. Também foi realizado um mapeamento participativo de ambientes que trazem benefícios para a saúde. A qualidade da água/ar e recreação/lazer foram os benefícios mais reconhecidos das áreas florestais para a saúde humana. Foram identificadas 152 espécies de plantas medicinais, sendo que as espécies mais citadas são plantas cultivadas. O mapeamento de serviços ambientais revela áreas prioritárias para a saúde, que estão localizadas em florestas e próximo aos corpos d?água e demonstram a importância de manter o acesso a estes benefícios através da demarcação do território destas comunidades. No terceiro artigo investigamos o uso combinado da medicina tradicional e da biomedicina, a partir de entrevistas com 66 especialistas locais do Araripe e 22 de comunidades quilombolas. Nas comunidades quilombolas é maior o número de especialistas que percebem a diminuição no número e na procura por benzedeiras, bem como no uso de plantas medicinais. O conhecimento de plantas medicinais e o uso de medicamentos ocorre de forma complementar nas duas regiões. As plantas medicinais são utilizadas para o tratamento de problemas gastrointestinais, dores em geral, gripe, resfriados, vermes intestinais e os medicamentos são utilizados principalmente para problemas de pressão e doenças como a diabetes mellitus. No quarto artigo abordamos os conhecimentos vinculados a prática das benzeduras e as relações sociais entre os benzedores do Araripe, a partir de entrevistas com 40 benzedores. Os benzedores tratam cerca de 20 doenças e conhecem várias plantas medicinais, sendo que seis plantas são mais importantes para o ritual das benzeduras. A transmissão do conhecimento sobre as benzeduras e sobre as plantas medicinais ocorre principalmente através de pessoas que possuem grau de parentesco. Ao analisarmos as relações sociais entre os benzedores, concluímos que a popularidade dos benzedores não foi13influenciada pelo número de plantas conhecidas e pelo número de doenças que tratam através das benzeduras. Além disso, nas comunidades de Macaúba e Cacimbas os benzedores mais conhecidos são também os mais procurados pelos demais benzedores para troca de informação e de benzeduras, já em Cacimbas existe uma benzedeira que se destaca, sendo uma referência para os demais para a troca de informações e de benzeduras. O quinto artigo articula os demais artigos dentro da perspectiva da resiliência sócio-ecológica de sistemas tradicionais de saúde, identificando quais são os principais condicionantes de mudança que influenciaram os STS e analisando os atributos relacionados à sociobiodiversidade, à organização social e à aprendizagem que contribuem para a resiliência sócio-ecológica e adaptabilidade destes sistemas. Os principais condicionantes de mudanças nos STS estão vinculados às mudanças nos modos de vida, ao acesso facilitado à medicina moderna, mudanças nas doenças mais incidentes, ao estabelecimento da Floresta Nacional do Araripe e ao processo de reconhecimento das comunidades quilombolas. Os atributos da sociobiodiversidade, organização social e aprendizagem registradas nas comunidades garantem a resiliência e a adaptabilidade destes sistemas. Os atributos mais críticos para a resiliência dos STS nas comunidades estão relacionados à organização social, pois estes podem favorecer a co-gestão, valorizando o conhecimento e as práticas tradicionais e os processos locais de aprendizagem. As informações reunidas neste estudo demonstram que os STS continuam desempenhando um papel fundamental na saúde e no bem-estar das comunidades estudadas e ressaltam, também, a importância de buscar alternativas para o seu fortalecimento, através da valorização dos conhecimentos tradicionais e dos especialistas locais que atuam como guardiões deste conhecimento.Abstract : The concept of socio-ecological systems considers the complexity of human-nature systems and the interrelationship between the different parties. The Traditional Health Systems (THS) can be investigated in the context of socio-ecological systems. The THS are mediated by local health experts and natural ecosystems and the use of medicinal plants play an important role in health. Some research approaches linked to socio-ecological systems that can be used to study the THS are the eco-cultural health, resilience and network analysis. The approach of eco-cultural health considers the dynamic interaction between humans and ecosystems, emphasizing the implications of ecosystem health for the health and human well being. The resilience approach considers that every major environmental or social disturbance, the human-environment relationship is changed, and a new equilibrium develops. Network analysis can be a complementary tool for studies of resilience, as they focus on the structure of the interactions between the components of the socio-ecological system and the way in which this structure affects system performance. Through the case study in two Brazilian regions (rural communities of the Araripe in Ceara and maroon communities of Santa Catarina), we seek to assess: 1) the influence of environmental health on human health; 2) complementarity between traditional medicine and biomedicine; 3) the practice and knowledge of benzeduras, learning and social relations associated with it; 4) the resilience and adaptability of traditional health systems. The first article deals with the understanding of the health process in three rural communities in the Araripe region, from the analysis of the opinions of 66 local health experts on elements that influence human health, and how the environment contributes to this. Among the influences of the environment on human health have been reported weather conditions, water and air quality, recreation, food and medicinal resources. They identified 192 species of medicinal plants, most of them extracted of natural ecosystems, revealing the importance of the environment preserved by the National Forest Araripe for the health and well being ofhuman populations. The second article aimed to investigate the relationship between human health and environmental health in maroon communities of the Santa Catarina coast. Interviews were conducted with 184 adults on elements that influence human health and the well-known medicinal plants. It was also conducted a participatory environments mapping that bring health benefits. The quality of the water / air and recreation / leisure were the most recognized benefits of forests to human health. 152 species of medicinal plants have been identified, and the most cited species are cultivated plants. The mapping of environmental services reveals priority areas for health, which are located in forests and near the water bodies, demonstrating the importance of maintaining access to these benefits through the demarcation of the territory of these communities. In the third article we investigate the combined use of traditional medicine and biomedicine, from interviews with 66 local experts in Araripe and 22 in maroon communities. The maroon communities have a greater number of experts who realize the decrease in the number and search for healers as well as the use of medicinal plants. The knowledge of medicinal plants and the use of drugs occurs in a complementary manner in the two regions. The medicinal plants are used for the treatment of gastrointestinal disorders, pains in general, flu, cold, intestinal worms and drugs are mainly used for pressure problems and diseases such as diabetes mellitus. In the fourth article we discuss the knowledge linked to the practice of benzeduras and social relations between the healers of Araripe, from interviews with 40 healers. The healers treat about 20 diseases and know several medicinal plants. Six plants are most important to the ritual of benzeduras. The transmission of knowledge on the benzeduras and about medicinal plants occurs mainly through people who have kinship. In assessing the social relations among healers, we conclude that the popularity of healers was not influenced by the number of known plants and the number of diseases dealing through benzeduras. Moreover, in Macaúba and Cacimbas communities the best known healers are also the most sought by other healers to exchange information and benzeduras, but in Cacimbas there is a healer that stands out, being a reference for the other to exchange information and benzeduras. The fifth article articulates the17others articles from the perspective of socio-ecological resilience of traditional health systems, identifying what are the main changes of conditions that influenced the THS and evaluating the attributes related to social biodiversity, governance and learning that contribute to resilience and adaptability of these systems. The main determinants of changes in THS are linked to changes in lifestyles, easier access to modern medicine, changes in more incidents diseases, the establishment of the National Forest Araripe and the recognition of the Quilombo communities process. The attributes of social biodiversity, social organization and learning logged in communities ensure the resilience and adaptability of these systems. The most critical attributes to the resilience of THS in communities are related to the governance, as these may favor the management-adaptive, valuing the knowledge and traditional practices and local learning processes. The information compiled in this study demonstrate that the THS continue to play a key role in health and well-being of the communities studied and emphasized also the importance of seeking alternatives to its strengthening, through the enhancement of traditional knowledge and of local experts that act as guardians of this knowledge

    Resilience and adaptability of traditional healthcare systems: a case study of communities in two regions of Brazil

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    The traditional healthcare systems (THS) of communities in two different regions of Brazil were investigated through the lens of social-ecological resilience, assuming that the resilience of THS and of the communities influence each other. We analyzed what has sustained and changed in the trajectory of THS of different rural and coastal communities in Brazil during the last seven decades, focusing on the domains of social biodiversity (especially on plant diversity for medicinal use), health practices learning, and social organization. The THS analyzed refer to three rural communities in northeastern Brazil, and three Quilombola communities on the southern coast of Brazil. Data were obtained through participatory methods, interviews, and secondary sources. The main drivers affecting the THS were the (1) development of national and regional infrastructure, (2) access to public healthcare, (3) implementation of protected areas, and (4) recognition of Quilombola territories (Quilombos). The components of social biodiversity, learning, and social organization contributed to the adaptive capacity and resilience of the systems through the continuity of knowledge transmission, use of local biodiversity for healthcare, request for local specialists, recovery of cultural practices, and institutional development of local organizations and partnerships. Challenges concerning the resilience of the THS are explained by the urbanization processes, restriction of access and use of some native plants, decrease in economic dependence on local biodiversity resources, and the need to improve social capital. After assessing the factors affecting the resilience of THS, we recommend actions that could enhance social-ecological resilience in different communities and under different situations.241CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO - CNPQCOORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR - CAPES309613/2015-9Sem informaçã

    A VOZ DE UMA LIDERANÇA INDÍGENA FEMININA SOBRE A QUESTÃO DE GÊNERO – UMA OPORTUNIDADE DE ESCUTA E REFLEXÃO PARA A PESQUISA ETNOBIOLÓGICA

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    Nesta entrevista, propicio um espac?o de fala para o povo Guarani em relac?a?o a? questa?o de ge?nero, atrave?s da lideranc?a indi?gena Kerexu Yxapyry. Reconhec?o que os povos indi?genas possuem muitos ensinamentos e que precisamos, enquanto sociedade, escuta?-los para que seja possi?vel o real estabelecimento de sociedades mais igualita?rias, com equidade de ge?nero e respeito a? diversidade biocultural. Kerexu foi a primeira Cacica Guarani reconhecida no Brasil.E? ma?e, professora, gestora ambiental pela UFSC, lideranc?a da Terra Indi?gena Morro dos Cavalos (Palhoc?a, SC). Atualmente, faz parte da coordenac?a?o da Comissa?o Guarani Yvyrupa (CGY) e da coordenac?a?o executiva da Articulac?a?o dos Povos Indi?genas do Brasil (APIB). Durante a entrevista, foram abordadas perguntas norteadoras sobre os seguintes assuntos: (a) visa?o do povo Guarani sobre ge?nero; (b) o papel das mulheres na conservac?a?o da biodiversidade; (c) discusso?es sobre ge?nero no a?mbito indi?gena; (e) recomendac?o?es para a pesquisa cienti?fica. Kerexu relatou os desafios que enfrentou ao ser uma lideranc?a indi?gena feminina e compartilhou a visa?o de ge?nero do povo Mbya? Guarani que se sustenta na parceria e na complementaridade entre o feminino e masculino. Suas palavras nos trazem um sopro de esperanc?a de como estabelecer relac?o?es mais sime?tricas e com maior equidade nas sociedades humanas

    Boundary Conditions of the Heliosphere

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    Radiative transfer equilibrium models of nearby interstellar matter (ISM) yield the boundary conditions of the heliosphere when constrained with observations of ISM inside and outside of the heliosphere. Filtration factors for interstellar neutrals crossing the heliosheath region, from charge exchange with interstellar plasma, are given for H, He, N, O, Ar, and Ne. The best models predict n(HI)~0.2 /cc, n(e)~0.1 /cc, however if the isotropic 2 kHz emission observed by Voyager (Kurth & Gurnett 2003) is formed in the surrounding ISM, an alternate model with lower electron densities is indicated. Observations of nearby ISM, the radiative transfer models, and historical 10Be records provide information on past variations in the galactic environment of the Sun

    Indigenous and traditional knowledge, sustainable harvest, and the long road ahead to reach the 2020 Global Strategy for Plant Conservation objectives

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    As estratégias globais no âmbito da CDB são importantes para orientar políticas e recursos para a conservação da diversidade biológica. Este artigo enfatizou a necessidade de desenvolver ações no âmbito da Estratégia Global para a Conservação de Plantas (GSPC) com resultados mensuráveis até 2020, no que se refere ao status e as perspectivas relacionadas às metas 12 e 13, com foco no contexto brasileiro, visando identificar lacunas e ações para alcançar os objetivos para conservação e o uso sustentável das plantas. Salienta-se que a meta 12 abrange também a exploração madeireira, não necessariamente de relação direta com povos indígenas e comunidades tradicionais, porém pode vir a ameaçar seus meios de subsistência. No Brasil, o conhecimento científico sobre os efeitos ecológicos da coleta de produtos florestais não madeireiros ainda é limitado e poucos estudos contribuíram para o estabelecimento de regulamentações legais para coleta e manejo. Com relação à meta 13, que diz respeito aos conhecimentos tradicionais e indígenas sobre o uso de plantas e à dependência desses povos pelas plantas, ainda faltam iniciativas de políticas integradoras e eficazes. No entanto, considerando o contexto político negativo das últimas décadas e exacerbado nos últimos anos, em relação à conservação da biodiversidade e aos povos indígenas e comunidades locais são necessárias mudanças profundas no cenário brasileiro, com forte apoio e reconhecimento para os povos indígenas e comunidades locais, para que qualquer objetivo relacionado ao alcance das metas da GSPC seja minimamente perseguido.Global strategies under the scope of CBD are important in guiding policies and resources for the conservation of biological diversity. This paper emphasized the need to develop actions under the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC) with measurable results up to 2020, regarding the status and perspectives related to Targets 12 and 13, focusing on the Brazilian context in order to identify gaps and actions to achieve the goals for conservation and sustainable use of plants. It should be noted that Target 12 also covers logging, not necessarily directly related to indigenous peoples and traditional communities, but may threaten their livelihoods. In Brazil, scientific knowledge about the ecological effects of the harvesting of non-timber forest products is still limited, and few studies have contributed to the establishment of legal regulations for collection and management. With regard to target 13, which concerns traditional and indigenous knowledge about plant use and the dependence of these peoples on plants, there are still a lack of integrative and effective policy initiatives. However, considering the negative political context of recent decades and exacerbated in recent years in relation to biodiversity conservation and indigenous peoples and local communities, profound changes are necessary in the Brazilian scenario, with strong support and recognition for indigenous peoples and local communities, so that any objective related to the achievement of the goals of the GSPC is minimally achieved

    DIVERSIDADE BIOCULTURAL NA ESCOLA: FORTALECENDO AS CONEXÕES ENTRE A ETNOBIOLOGIA E A EDUCAÇÃO

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    Este relato de experiência traz reflexões sobre a construção de um material didático voltado para professoras e professores do ensino básico e um curso de extensão sobre este material. O livro e o curso "Diversidade biocultural na escola - reflexões e práticas para professoras e professores" foram organizados a partir das vivências de um grupo de pesquisa que tem por foco a etnobiologia e a ecologia humana, com a colaboração direta e indireta de representantes de povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, enfatizando a aproximação de discussões presentes no ensino superior com o ensino básico. O livro foi organizado em 6 capítulos e contou com a colaboração de 21 autores e autoras. Um curso online, durante o período da pandemia, foi organizado em aulas síncronas e atividades remotas assíncronas, entre outubro e dezembro de 2021 com uma carga horária total de 30 horas. Cerca de 70 pessoas concluíram o curso com 75% de presença nas atividades síncronas e assíncronas, outros 250 participantes assistiram a atividades certificadas e alguns encontros tiveram mais de 1000 visualizações apenas durante o período do curso. A riqueza dos trabalhos finais construídos pelos cursistas possibilitará a organização de outro material didático com sugestões de atividades relacionadas à diversidade biocultural para serem aplicadas em diversas situações de ensino e aprendizagem.  Esperamos que essa iniciativa inspire novas conexões e caminhos entre a etnobiologia e o ensino básico e colabore para uma educação mais sensível e inclusiva, valorizando os conhecimentos e práticas tradicionais e os povos e comunidades que os detêm

    Empoderamento de comunidades rurais e o estabelecimento de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável: Estudo de caso nos Areais da Ribanceira, Imbituba – SC

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    Neste trabalho o nosso objetivo foi analisar o empoderamento da comunidade dos Areais da Ribanceira, no município de Imbituba (SC), que luta pelo reconhecimento de sua tradicionalidade e pelo estabelecimento de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Os estudos de empoderamento no contexto de unidades de conservação colaboram para estabelecer uma forma de conservação da biodiversidade que realmente possibilite a inclusão e o envolvimento das comunidades locais no processo de conservação. Para a coleta de dados utilizaram-se entrevistas com membros de unidades familiares, lideranças e agentes externos, além de oficinas e ferramentas de pesquisa participativa com a comunidade e lideranças locais. O empoderamento da comunidade dos Areais da Ribanceira é mais desenvolvido no domínio social, quando comparado com os domínios legal e econômico. A ameaça de perda do território foi a principal motivação que permitiu a organização da comunidade e diversas atividades de manejo comunitário colaboraram para o empoderamento local. A organização e mobilização da comunidade dos Areais da Ribanceira são fatores que facilitam o processo de criação de uma unidade de conservação de uso sustentável. Palavras-chave – conservação in situ; empoderamento; manejo comunitário de biodiversidade; recursos. vegetais; unidades de conservação

    APRENDIZADOS NAS ENTRELINHAS: REFLEXÕES E OLHARES FEMININOS NO TRABALHO ETNOBIOLOGICO

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    Apresentamos neste ensaio um pequeno conjunto de relatos de caso recolhidos entre um grupo de pesquisadoras do Laborato?rio de Ecologia Humana e Etnobota?nica da Universidade Federal de Santa Catarina. Sa?o casos observados ao longo de 15 anos de experie?ncias de campo e fora dele, em torno do universo da pesquisa cienti?fica, que envolve pessoas como sujeitos/as/es em va?rias facetas do trabalho acade?mico. Relatamos experie?ncias de campo que mostraram os desafios das pesquisadoras e das entrevistadas, e a forc?a e o poder de mulheres na luta e na gesta?o de recursos e cuidado da comunidade, mas que muitas vezes permanecem invisi?veis. Refletimos tambe?m sobre as dificuldades de lidar com situac?o?es de machismo ou micromachismo nas comunidades que trabalhamos. Nossos relatos prove?m de experie?ncias com mulheres comuns e com lideranc?as comunita?rias; agricultoras; indi?genas; pescadoras; quilombolas; mulheres do trabalho do lar e de fora dele. Mulheres de diferentes saberes e fazeres e que diariamente enfrentam uma luta em comum, ser mulher, incluindo tambe?m nossas experie?ncias como mulheres e pesquisadoras na a?rea acade?mica. Entre entrevistas, observac?o?es e aprendizados, proporcionamos narrativas para somar aos questionamentos e reflexo?es de pesquisadoras(es) no campo das etnocie?ncias
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